Como todas as casas de declínio, a sexta indica dissipação da energia do planeta que nela se encontra. É como se ele precisasse fazer muito esforço constantemente para mostrar resultados, um processo que é “cansativo” para os astros que ali se encontram.
Este é um dos pontos que o Ascendente não consegue enxergar e isto pode levar a um comportamento exagerado dos planetas aqui posicionados - pois o que não é visto não é bem controlado. O Ascendente representa o corpo e a vida do nativo e a casa seis, por estar neste ponto cego, falha em dar suporte às significações do Ascendente.
O nome grego da sexta casa é 𝘒𝘢𝘬𝘦𝘛𝘺𝘤𝘩é ou Má Fortuna/Sorte. As significações mais diretas dela não são muito positivas: doenças, ferimentos, dores e aflições. Além dos males causados ao corpo, está associada ao trabalho em seu sentido de 𝘭𝘢𝘣𝘰𝘳: não no sentido de ser percebido pelo que se faz no mundo e do glamour construído em torno da carreira nos dias de hoje, mas o esforço diário, de labutar e conquistar a vida com dificuldade. Por isso é uma casa citada com referência a escravos e animais de pequeno porte na antiguidade, figuras que estavam a serviço de outros. É aqui onde o incansável Marte se alegra: o guerreiro se regozija ao conseguir ser agressivo e até a causar má sorte. Se o Ascendente é o corpo, a sexta casa é “aquilo que ataca o corpo” sem o nosso controle.
Esta associação da sexta casa está relacionada com 𝘗𝘢𝘵𝘩𝘰𝘴, “aquilo que recai sobre” ou acontece sem o controle da pessoa, termo que se desenvolveria futuramente à noção de patologia na medicina contemporânea.
É evidente que essas experiências podem ser sentidas como aflições e dificuldades, porém pathos e sofrimento podem ser distinguidos. Experiências patologizantes podem ser a maneira mais palpável de viver o que está além do controle racional-egóico, pois é através das feridas (uma abertura ou poro) da experiência humana que os deuses entram em nossas vidas.
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