Casa 8 - O Lugar Ocioso

Um dos significados primários da oitava casa é bastante claro: a morte. Mas como podemos derivar outras significações a partir deste conceito? Como nas outras casas, há muito por trás da escolha das palavras. Seu nome, Epikataphora, é traduzido como “movimento descendente” ou “trazer para o chão”. "Epi" é aquilo que está sobre ou acima, como em epiderme, a parte superior da pele ou epitáfio, “sobre a tumba”. “Kατά” é um indicativo de movimento, como em catábase, a descida de muitos heróis ao reino de Hades. Por fim, “pherō” está relacionado a “ser carregado”. Assim, a oitava casa não é apenas o movimento de descida em si - que teria um quê de voluntário - como a catábase, mas sim aquilo que estava no alto e foi puxado para baixo quase como inesperadamente ou contra a vontade, como a própria morte. A sétima casa também está associada à morte simbólica, pois é lá onde o Sol se deita no horizonte e a vida se apaga no mundo inferior. Porém, é na oitava onde Ícaro derrete suas asas de cera e inicia sua queda. A passividade de ação sugerida pela definição também tem a ver com outro conceito atribuído a este lugar. A casa oito é também referida como a casa ociosa, inativa ou não produtiva. Segundo Maternus, é uma casa inativa 𝘱𝘰𝘳𝘲𝘶𝘦 não faz nenhum ângulo com o Ascendente. Por isso, esta casa representa forças que não estão sob o nosso controle, sendo a morte apenas uma delas. É aqui o lugar de crises, perdas, medos e poderes que temos dificuldade de reconhecer e simultaneamente nos fazem sentir impotentes de alguma forma. Ao considerarmos planetas nesta casa e seus regentes, devemos pensar que as significações de cada um podem representar forças que estão além do nosso controle ou que podem nos desfalecer. Seja pelo viés da ociosidade, da ineficiência dos esforços ou do declínio involuntário, esta casa nos traz boas reflexões. Uma de suas lições é a análise - por vezes no escuro - e compreensão das próprias limitações e do que nos foge ao controle. Certamente, ela traz consigo uma forte carga de medo, mas também a oportunidade de cultivar uma relação com tais forças e aprofundar a própria experiência.